sábado, 20 de outubro de 2012

AINDA: Dogmatismo e Ceticismo (vai ajudar na avaliação rsss)



Ceticismo

"Nada existe. Mesmo se existisse alguma coisa, não poderíamos conhecê-la; concedido que algo existe e que o podemos conhecer, não o podemos comunicar aos outros." Essas três proposições, atribuídas a Górgias (séc. IV a.C.). Um dos representantes da sofística exemplificam a postura conhecida como ceticismo.
Naquele mesmo século, outro grego chamado Pirro, acompanhando Alexandre Magno em suas expedições de conquista, conheceu muitos povos com valores e crenças diferentes. Como geralmente fazem os céticos, deve ter confrontado a diversidade das convicções que animam os homens, bem como as diferentes filosofias tão contraditórias, abstendo-se no final de aderir a qualquer certeza.
Pelo menos semelhante no gosto pelas viagens, o filósofo renascentista Montaigne retoma os temas do ceticismo. Contrapõe-se às certezas da escolástica decadente e à intolerância de um período de lutas religiosas, analisando nos Ensaios a influência de fatores pessoais, sociais e culturais na formação das opiniões.
Skeptikós, em grego, significa "que observa", "que considera". O cético tanto observa e tanto considera que conclui, nos Casos mais radicais, pela impossibilidade do conhecimento; e nas tendências moderadas suspensão provisória de qualquer juízo.
Portanto, há gradações no ceticismo. Os céticos moderados admitem uma forma relativa de conhecimento (relativismo), reconhecendo os limites para a apreensão da verdade.
Para outros moderados, mesmo que seja impossível encontrar a certeza, não se deve abandonar a busca. Mas para o ceticismo radical, como o pirronismo, se a certeza é impossível, é melhor renunciar ao conhecimento, o que traz, como conseqüência prática, a indiferença absoluta em relação a tudo.
O ceticismo radical se contradiz ao se afirmar, pois concluir que "toda certeza
é impossível e a verdade é inacessível" não deixa de ser uma certeza, e tem valor de verdade.
Dogmatismo

Dogmatíkós, em grego, significa" que se funda em princípios" ou "relativo a uma doutrina". Dogmatismo é a doutrina segundo a qual o homem pode atingir a certeza.
Filosoficamente é a atitude que consiste em admitir que a razão humana tem a possibilidade de conhecer a realidade, Do ponto de vista religioso, chamamos dogma a uma verdade fundamental e indiscutível da doutrina. Na religião cristã, por exemplo, há o dogma da Santíssima Trindade segundo o qual as três pessoas (Pai, Filho e Espírito Santo) não são três deuses, mas um. Deus é uno e trino. Não importa se a razão não consegue entender, já que é um princípio aceito pela fé e o seu fundamento é a revelação divina.
Quando transpomos a idéia de dogma para o campo não -religioso, ela passa a designar as verdades não-questionadas e inquestionáveis. S ó que, nesse caso, nau se estando mais no domínio da fé religiosa, o dogmatismo torna -se prejudicial. já que o homem, de posse de uma verdade, fixa -se nela
e abdica de continuar a busca, O mundo muda, os acontecimentos se sucedem e o homem dogmático permanece petrificado nos conhecimentos dados de uma vez por todas. Disse Nietzsche que "convicções são prisões". Refratário ao diálogo, o homem dogmático teme o novo e não raro se torna intransigente e prepotente. Quando resolve agir, o fanatismo é inevitável, e com ele, a justificação da violência.
Também chamamos dogmáticos os seguidores de "escolas" e tendências quando se recusam a discutir suas verdades, permanecendo refratários às mudanças.
Quando o dogmatismo atinge a política, assume um caráter ideológico que nega o pluralismo e abre caminho para a imposição da doutrina oficial do Estado e do partido único, com todas as infelizes decorrências, como censura e repressão. Em nome do dogma da raça ariana, Hitler cometeu o genocídio dos judeus e ciganos nos campos de concentração.
Além dos significados comuns do conceito de dogmatismo, é preciso ressaltar outro, denunciado por Kant na Crítica da razão pura. Como se propôs a fazer a avaliação das reais condições dos limites da razão para conhecer, Kant chama de dogmáticos todos os filósofos anteriores, inclusive Descartes., por não terem colocado a questão da crítica do conhecer como discussão primeira. Ou seja, aqueles filósofos "não acordaram do sono dogmático", no sentido de ainda terem uma confiança não-questionada no poder da razão em conhecer.