quinta-feira, 6 de novembro de 2014

“MOVIMENTANDO OS SENTIMENTOS” - Projeto finalista no XV Prêmio Arte na Escola Cidadã 2014

                A E.E.M. Abdon Batista, onde o projeto foi desenvolvido, possui o ensino inovador. O Programa Ensino Médio Inovador- ProEMI, instituído pela Portaria nº 971, de 9 de outubro de 2009, integra as ações do Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, como estratégia do Governo Federal para induzir a reestruturação dos currículos do Ensino Médio.O objetivo do ProEMI é apoiar e fortalecer o desenvolvimento de propostas curriculares inovadoras nas escolas de ensino médio, ampliando o tempo dos estudantes na escola e buscando garantir a formação integral com a inserção de atividades que tornem o currículo mais dinâmico, atendendo também as expectativas dos estudantes do Ensino Médio e às demandas da sociedade contemporânea. Os alunos permanecem em período integral na escola e além das disciplinas regulares, a grade possui disciplinas como literatura, futebol, teatro, música e dança. Os profissionais desta escola se reúnem uma vez por semana para realizar o planejamento semanal e mensal.
             Iniciei minhas atividades docentes na escola com a disciplina de filosofia. Como a direção tinha conhecimento do meu envolvimento com as artes, surgiu à proposta de assumir as aulas da disciplina curricular de dança. Proposta prontamente aceitas, principalmente pelo desafio que seria lecionar dança dentro do currículo, linguagem essa que gera polêmica e discussão quando se trata de escola/obrigatoriedade/leis.
            Já no inicio das aulas minha intuição bradava que não seria fácil. Encontrei dificuldades até no grupo de professores, que não conseguia ver viabilidade na disciplina. Alguns tinham o desejo gritado de substituir a mesma por algo mais tecnicista. E para dificultar, alguns alunos pensavam o mesmo.
            Minha estratégia foi à sensibilização. Primeiro dos alunos e por conseqüência a dos professores. Mas para quebrar as barreiras, primeiro preferi conhecer minha clientela com exercícios de sondagem para ao final elaborar o projeto “MOVIMENTANDO OS SENTIMENTOS”.
            No inicio de tudo só conseguia ver como positivo, a sala ambiente que era muito bem equipada, com aparelhos de som, TV, projetor multimídia, colchonetes e espelhos.
            A escola está situada na cidade de Jaraguá do sul, norte de Santa Catarina. Cidade com parque industrial forte e diversificado: malharias e confecções, metal-mecânica e produtos alimentícios. Jaraguá do Sul é uma cidade de povo que gosta do trabalho, sua cultura é identificada nas atividades das etnias formadoras de seu povo: negros, alemães, húngaros e poloneses. Essa característica social de identificação fácil na cidade talvez justifique o pensamento encontrado nos primeiros contatos com a escola.
            Para ampliar minhas expectativas, tracei metas. A principal era fomentar dança. Para que esta se realizasse o encantamento necessitava acontecer, de dentro para fora. Como a rejeição foi minha primeira emoção, decidi trabalhar com a emoção dos estudantes, transformando as mesmas em dança. Um registro de tudo seria valioso para ambos os lados, para que eu pudesse avaliar e para o estudante não esquecer as emoções afloradas, então como método de avaliação, elencou-se o diário de bordo, nada mais que um caderno onde todas as aulas seriam registradas.
                Busquei fontes para embasamento, já conhecia “Improvisação para o Teatro” de Viola Spolin. Os jogos foram adaptados para a realidade dos estudantes. Da autora Isabel Marques conhecia alguns artigos e a preocupação com o ensino da dança. Logo encontro o livro Ensino de dança hoje - textos e contextos, que acaba orientando o processo pedagógico da dança.

Processo criativo...
            As aulas seguiriam sempre a mesma dinâmica:
1. Alongamento - de acordo com o programado para o dia, aproximadamente 10 minutos;
2. Exercício do dia;
3. Volta calma - como teriam aulas após a dança, o corpo/mente deveria se acalmar para as próximas disciplinas, em torno de 10 minutos;
4. Diário de bordo - relatório sobre como foi à aula, sentimentos e percepções, sem número de linhas específico, cada qual de acordo com sua necessidade de expressão, cerca de 5 minutos para realizar.

            Narro alguns exercícios, todos com o mesmo intuito de aflorar um ser que dança, aqui surge o termo “dançante” que cito em várias frases, a junção de dança e estudante.
            Na nossa primeira aula, eu não os conhecia, muito menos eles a mim. Descubro pelas primeiras falas que “ensino médio, “não dança”, “nem gosta de atividades físicas”, “tem vergonha de se expor”... O que mais se ouvia: “somos travados”, “não quero fazer”, “o que irão dizer de mim”?  Sugeri uma tentativa e após explicar qual seria nosso método daquele dia em diante, orientei para que apenas caminhassem pela sala, movimentando-se para todos os lados. Passado um tempo, sugeri que fechassem os olhos, e buscassem confiança para caminhar para todas as direções, sentindo o ar que nos cerca, ouvindo o silêncio e se orientando por ele, de olhos fechados cortando o ar com as mãos, nas várias direções existentes. Após, parar em frente a um parceiro e sentir sua respiração, com o toque das mãos, perceber o quanto ele é pessoa assim como todos, que pensa e sente e está apavorado neste primeiro contato de aula. Ao término do exercício, tempo para registro da aula no diário de bordo.
            Nosso primeiro exercício foi simples e desafiador, caminhar de olhos fechados num ambiente que não conheço com pessoas que não conheço, aqui quebramos alguns tijolos da barreira que nos separava.


           Após este contato inicial, resolvi fazer uma sondagem para perceber o terreno que estava pisando. E para alegria, era uma terra pronta para produzir. Alguns exercícios de sondagem foram realizados, como atividades de caminhada em sala de aula, com ou sem som, com paradas e orientação, alongamentos em pé e deitado, improvisação em dança, partindo de frases, de poesia, de situações, de músicas escolhidas pelos estudantes.           
            Passado a sondagem, tracei meus planos, criar coreografias com os sentimentos dos alunos. Iniciei assim vários outros exercícios, como as dinâmicas de grupo (dinâmicas de entrosamento e socialização), aprendendo a caminhar, movimentar o corpo, exercícios de relaxamento, criar movimento para o nome (um movimentos para o primeiro nome, depois formamos equipes e ao som de músicas os movimentos foram reproduzidos “dançados”), aprendendo a apresentar, dinâmica do pensamento...
            Na dinâmica do pensamento, iniciamos com um alongamento. Após uma “exaustão”, movimentos rápidos para todas as direções em diversos níveis, com finalidade de cansar os músculos do corpo. Em seguida, solicitei que deitassem nos colchonetes e com olhos fechados, ao som de uma calma música se imaginassem caminhando por um local lindo, cheio de belas árvores e flores coloridas e que neste lugar encontrariam uma “Lembrança triste da infância”, num tempo de 10 minutos eles permaneciam pensando, depois sentados formando uma roda, poderiam falar sobre os sentimentos que afloraram em seguida escolher uma palavra representativa ao que sentiram. Logo, criavam um movimento para a palavra. Este movimento se transformaria em partitura, e esta em nossa coreografia final.

            A mesma dinâmica se desdobrou em temas como “Desabafando com desafetos” onde no momento de imaginar encontravam no local lindo, alguém pelo qual nutriam sentimentos como raiva, medo, terror, mágoa, ou qualquer outro sentimento dolorido. Ao encontrar a pessoa em seu pensamento, todos os sentimentos reprimidos deveriam ser colocados para fora, pela conversa com este ser imaginário; E ainda numa outra aula, “Agradecendo aos seus amores”, onde poderiam mentalmente agradecer as pessoas que amam, e dizer tudo o que sentem, já que na realidade sempre é bastante difícil de fazer.

         Seguindo o processo de criação, passeamos pela parte técnica no “fazer rolamentos”, “fazer ponte”, ”parada de mão”, ”espacate”, todos feitos em grupos, uns ajudando os outros.


            Divididos em grupos os estudantes realizaram pesquisas sobre a história da dança, também levantaram informações sobre a vida e obra de grandes bailarinos e a evolução das modalidades em dança. Trabalho este apresentado em slides. Assistimos curtas sobre Isadora Duncan, Martha Graham, Grupo cena 11, Grupo Corpo, Curtas sobre apresentações realizadas no Festival de dança de Joinville.  Em conjunto, assistiram ao filme Step Up 4 , que trata de um flasch mob.
            Das improvisações, construídas até então, o grupo cria um flasch mob (empolgados com o filme) e apresenta para as outras turmas da escola. Nossa primeira apresentação em público, fora da sala de aula. Acredito que funcionou, pois fomos convidados a representar a escola numa conferência nacional de educação “Conae” fazendo a abertura da conferência que estava acontecendo na cidade.
            No dia da apresentação, chegamos duas horas mais cedo, espalhamos os grupos pelo auditório, que logo foi tomado por diretores e professores e quando fomos apresentados “era aluno saindo de tudo quanto é lado”, comentário de quem estava presente. Foi neste dia que caíram os últimos tijolos do muro que nos separava.

          
              A escola definitivamente tinha um grupo de dança. Resolvi fazer uma surpresa para os meus dançantes, convidei vários grupos profissionais de dança para fazer uma apresentação na escola, somente um atendeu. O projeto da Scar–Dentro da dança, trouxeram como modalidades o balé e a dança contemporânea.
          
                   E assim, alimentados pela dança, continuamos o nosso processo criativo. 

MÃOS DANÇANTES

                   METODOLOGIA: Sala organizada de forma harmoniosa, meia luz. Espalhar lápis de várias cores pela carteira, de maneira a ficar acessível às mãos. Sentar de forma confortável, não cruzar as pernas nem braços. Fechar os olhos e confiar. Exercício de respiração para acalmar. Ao iniciar a música, inicia a atividade. Desenhar conforme o ritmo da música, concentrar, deixar se levar pela emoção, escrever, desenhar, riscar o que os sentimentos permitirem, dançar com as mãos no papel. Única regra, abrir os olhos somente no final do exercício.
            Muitos detalhes sobre este exercício, fotos e filmagem, pode ser encontrado no blog: http://ecoisadeescola.blogspot.com.br/2013/03/danca-maos-dancantes.html

        Ao término do exercício surgiu a ideia de aumentar a proporção da atividade. Criamos então a atividade, "CORPO QUE DANÇA". Os lápis coloridos foram substituídos pelos corpos pintados e o papel por tecido. E assim foi, pintamos o corpo, fotografamos e dançamos sobre o tecido branco.


              Cada exercício, um sentimento no diário de bordo, cada sentimento um movimento (...). Foram tantos os exercícios realizados, no intuito de aflorar os sentimentos, que sinto em ter que eleger somente alguns para relatar, acredito que agora me deparei com minha maior dificuldade.

Festival de dança de Joinville

           Nas férias de julho acontece o maior festival de dança da América latina, o festival de dança de Joinville. Como a cidade de Jaraguá do Sul, fica próxima a Joinville, a visita ao festival não podia ficar fora projeto.
            O festival é uma escola aberta, bailarinos e professores circulam nos dias do evento pela cidade. Janela aberta para quem quer aprender e socializar.
            Antes de chegar ao maior festival de dança da América latina, paramos para visitar a exposição do artista Joinvillense, conhecido internacionalmente Juarez Machado. A exposição “Soixante-Dix” é relativa aos 70 anos de Juarez que a mais de 20 anos não expunha na cidade.


O FESTIVAL “Jaraguá em dança”...
            Apresentar os sentimentos em forma de dança, os sentimentos dantes lacrados no íntimo de cada estudante, para uma grande plateia, foi muito além das expectativas.
            Foram oito dias de apresentações, meus dançantes se apresentaram em cinco noites, oito coreografias e uma preparação gigante. Contei com a ajuda dos colegas professores para a maratona, visto que durante o dia, os alunos frequentaram normalmente as aulas e eu também.
            Nos dias de apresentação, ensaiávamos durante o almoço, fazendo revezamento entre os grupos. E ficávamos depois do horário de aula para que a mágica da maquiagem e caracterização acontecesse.
            Foi mais que um sonho, todos estavam envolvidos, até as merendeiras da escola, que preparavam lanches fora de horário para que ninguém saísse sem se alimentar.
         Os grupos que não se apresentavam na noite, auxiliavam na maquiagem, carregando bolsas, buscando água para os ansiosos, conversando e distraindo os colegas emocionados por tudo o que estava acontecendo. Foi um trabalho de equipe, agora todos faziam parte do mesmo sonho.



              Quando gostamos de algo, fica muito mais fácil aprender. E como aprenderam!!! Aprenderam a maquiar, a prender cabelos, a dividir material, a ter paciência com os colegas, a compreender o que se passa com o outro.
            Após a preparação, o espetáculo.
            O Jaraguá em dança aconteceu na Scar (sociedade artística da cidade). Como fizemos parte da categoria infanto-juvenil, as apresentações aconteceram durante a noite. Com inicio às 19h30min e término ás 21h00min. Saíamos da escola, que fica umas quatro quadras do local, caracterizados. No local do festival, já tinha professores e pais esperando, para auxiliar. Enquanto eu ficava na cabine de som, orientando a iluminação e paradas musicais, os professores acompanhavam os alunos na sala de espera, outros já estavam nos camarins e uns nas coxias espiando o trabalho que estava sendo apresentado no palco. Teve noites que apresentamos três vezes, outras apenas uma.



APRESENTAÇÕES:


Segue link das apresentações realizadas:










              Cada dinâmica/exercício, um sentimento. Cada sentimento, um movimento. Com os movimentos, uma coreografia. As músicas foram escolhidas em conjunto, os figurinos e maquiagens foram desenhados partindo da temática de cada coreografia. As temáticas foram surgindo durante o processo criativo. Os nomes dados as coreografias, nasceram da observação das temáticas, do grupo, dos figurinos e dos sentimentos em comum.
            “Ser fêmea é ser elegante”, narra à mulher/menina poderosa que trava batalhas umas com as outras por diferenças, sendo a maior batalha a interna, e percebe sempre ao final que unidas são fortes. 
                  “Não permita que o medo te impeça de tentar”, expõe os medos, os receios as violências que sabotam nosso ser e que nos cega muitas vezes para o lado bom da vida.
            “Entre a sanidade e a loucura”, comunica essa linha tênue, que separa a mente sadia da insana. A coreografia tem dois momentos, toda desenhada e dançada para frente e depois o retrocesso com os mesmos movimentos.
            “Indiscernibilidade”, fala sobre a mídia, que manipula, aprisiona que não permite que saibamos “as verdades”, trata da loucura do consumismo e a busca pela real liberdade de pensar.
            “O movimento impossível só está na nossa mente”, segue literalmente o que significado do título. Nossa mente, pensamentos e lembranças, enclausuram nossas ações, tornando-as conscientemente impossíveis. Aqui temos muito que pensar.
            “Num outro tempo é impróprio se dançar assim”, exprimi o comportamento através dos espaços/tempos. Beijo na mão, entrega de flores, pedir permissão para dançar/namorar. Situações ainda presentes em alguns locais, e fora da realidade de outros.
            “Lascívia” nasce do desejo das meninas expressarem o lado sensual sem ser vulgar, presente em todas. Foi uma brincadeira, coreografada em conjunto com elas, conversando sobre cada movimento, excluindo e explicando o porquê de alguns.
            Dança pedagógica não é como dança de academia, nem chega perto de grupos profissionais de dança. Na academia, os participantes pagam e escolhem o que querem ou não fazer. Nos grupos profissionais, são escolhidos por audição os melhores pela técnica e expressão, dentro de modalidades que os participantes já dominam.
            Dentro de uma sala de aula, no currículo escolar, o aluno deve ser encantado a “querer” fazer. Muitos chegaram “crus”, nunca tinham assistido a nenhum espetáculo de dança, e de repente iriam participar de um. A grande maioria só enxergava dança, quando se tratava de danças urbanas. Outros, por medo, vergonha, questões físicas e de gênero, simplesmente, não se permitiam encaixar no grupo.
            Quando o encantamento não acontece, por ser currículo/projeto, pelo menos o docente deve apresentar possibilidades aos estudantes de como ele pode se encaixar no projeto, naquela realidade dançante da qual ele não se enxerga. Aproveitando este entrave inicial, apresentei os profissionais que trabalham para que o espetáculo aconteça. É importante compreender que para o espetáculo acontecer, precisamos de equipe de apoio. E tivemos uma, composta por estudantes que não se identificaram com os palcos, mas com as coxias. E esta equipe fez toda a diferença, arrisco dizer que sem o apoio o espetáculo não seria o mesmo.
            Dentro do projeto, pelo tempo que tivemos a técnica em dança não foi à primazia do processo. O trabalho em equipe, os exercícios/dinâmicas, a pesquisa em história da dança, o re-conhecimento das várias modalidades foi o caminho valorado do processo. A construção do corpo/equipe, de repertório pelos vídeos e apresentações assistidos, pela pesquisa em história da dança, pela improvisação e experimentação de movimentos, as partituras surgidas pelos sentimentos, foram os caminhos elencados para a construção coreográfica.

APRESENTAÇÃO NAS ESCOLAS

            Passado o “Jaraguá em dança”, o grupo foi convidado a demonstrar o projeto em três escolas da região. As apresentações aconteceram em horário de aula, os dançantes foram dispensados para representar a escola. Nestas idas e vindas, eles exercitaram a responsabilidade e a paciência. Conheceram novas pessoas e idéias. Conquistaram novas amizades. Entre eles mesmos era visível o entrosamento, na   organização dos figurinos, com a maquiagem, todos aprenderam a maquiar, uns maquiavam os outros, todos eram responsáveis por todos. Havia o cuidado, o respeito, a cumplicidade.
             Pelas escolas que passamos, emoções foram deixadas.
            Nas escolas, não havia um palco iluminado, nem som adequado, mas o desejo de ser o artista que outrora foi estudado e assistido, e de mais uma vez poder apresentar os sentimentos em forma de dança,  sobrepunha as dificuldades estruturais. 



          Finais tendem a deixar pessoas tristes. Sabíamos que nosso projeto estava findando.
       O Jaraguá em dança já era para ser o fim. Surpresa foi o convite para realizar as apresentações nas escolas da região.
          Recolher e guardar os figurinos foram à prova da conclusão. A despedida regada de lágrimas em dezembro, resultado do quanto fomos felizes.
         Nossa única certeza é a de que algo havia mudado dentro de todos. Inclusive em mim.
      Hoje, um ano após o inicio de tudo, organizando o material para o portfólio, me emociono, com cada imagem, pois elas acordam as lembranças, as falas, as histórias, os segredos, as descobertas, o fazer criativo e todo o processo maravilhoso pelo qual professora e dançantes passaram.
             Hoje, não leciono mais para este grupo. Não faço parte do dia letivo deles. Mas vez por outra converso com alguém nas redes sociais da vida.
            Quando soube da classificação para a próxima etapa, pedi autorização para a escola e assim que foi permitido, fui dar a notícia aos dançantes.
            Eles já estavam na porta da escola quando cheguei, mas não todos. Alguns trocaram de escola, outros de turno.
            A saudade de tudo era igual em mim e neles. Já na sala de aula, quando li a inscrição do projeto, nova surpresa, eu sabia que tinha sido significativo, mas não imaginava que era tanto. Passado um ano eles tinham relatos dos exercícios vividos e das confidências, dos desbloqueios e conquistas, como se tudo tivesse acontecido ontem.
            E eles queriam participar da próxima etapa de alguma forma. “Vamos juntar todos e fazer uma nova coreografia”, sugeriu alguém, na esperança de que pudéssemos enganar o tempo.
            Difícil entender que não há como enganar o tempo, fingi uma explicação de que o que vivemos foi, o tempo e o espaço são outros, mesmo que tentássemos não seria a mesma coisa, e que devemos prosseguir, acredito que tentei me enganar também, sem muito efeito.
            Após uma semana, recebo um pen drive com depoimentos dos alunos. Sim, eles irão participar de alguma forma. Surpresa grata foi ouvir o depoimento do professor Teófilo de química, que acompanhou os dançantes nas noites de apresentação, sua compreensão do processo, apenas pela observação, se tornou meu maior regalo.


DEPOIMENTOS


Hoje elas dançam profissionalmente.










Depoimento : Professor Teófilo, Física.




PUBLICAÇÕES







Finalmente fecho este ciclo, para dar inicio a outros. 
Agradeço aos meus dançantes, certa de quem sem eles, nada seria possível!!! OBRIGADA (...)